sexta-feira, 26 de junho de 2009

Literatura Brasileira - Parnasianismo

Via Láctea

Soneto XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!” Eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via Láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entende-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

Olavo Bilac

(1865-1918)

(Poeta parnasiano, mas, com certos traços do Romantismo)