Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente, Fez-se da vida uma aventura errante, De repente, não mais que de repente. Vinicius de Morais (Rio, 1913-1980). |